Hospital de Palmares é outro exemplo da crise na saúde em Pernambuco


 “Prédio bonito não trata doença”, diz o deputado Silvio Costa Filho ao denunciar colapso da unidade de saúde que atende a 22 municípios da Mata Sul

O líder da Bancada da Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado estadual Silvio Costa Filho (PTB), foi pessoalmente ao Hospital Regional de Palmares (HRP) para conferir a série de denúncias que têm recebido sobre a crise no funcionamento da unidade de saúde do município.

O HRP Dr. Silvio Fernandes Magalhães tem registrado pedidos de demissão em massa de médicos, interrupção de serviços ambulatoriais e de especialidades, a exemplo do setor de cardiologia, e atraso de mais de três meses de pagamento da folha salarial dos funcionários, fruto do atraso no repasse de recursos do Estado à Organização Social (OS) Maria Lucinda, responsável pela gestão do hospital.

Responsável pelo atendimento de 22 municípios da Mata Sul – com população estimada de 500 mil habitantes - o hospital vive uma situação de “quase falência”, conforme constatação feita por Costa Filho. O parlamentar ouviu de funcionários que cirurgias eletivas foram suspensas, o setor de obstetrícia não funciona, não há mais atendimento nas áreas de cardiologia, urologia ou geriatria e a emergência atende parcialmente a demanda. Falta de remédios e de lençóis para os pacientes da emergência são outros problemas registrados.

“A população da Mata Sul que precisa de atendimento médico tem se deslocado para a Região Metropolitana do Recife, contribuindo ainda mais para a superlotação de hospitais como o da Restauração e Getúlio Vargas”, afirma o parlamentar. Ele diz que a crise se observa sobretudo na drástica redução de médicos, enfermeiros e profissionais de áreas meio, como o setor administrativo do hospital.

“Todas as semanas médicos pedem para sair por não possuírem as condições adequadas de trabalho e por atrasos nos salários. Funcionários que residem em cidades próximas a Palmares também estão sendo demitidos sob a alegação de que não há condições de se pagar pelo transporte”, relata um funcionário que preferiu não se identificar temendo represálias. Calcula-se que nos últimos meses, mais de 250 funcionários se desligaram do HRP.

Ainda segundo o mesmo funcionário, exames de tomografia não estão sendo realizados, pois o Estado não paga a mais de dois meses a empresa que produz o laudo médico, e, por falta de profissional especializado para manuseá-lo, o aparelho de endoscopia digestiva foi retirado do hospital e enviado para o Recife.

Para Silvio Costa Filho, o colapso do Hospital Regional de Palmares é outro exemplo da severa crise por que passa a saúde pública em Pernambuco. “Este equipamento foi entregue em 2011, tem uma estrutura moderna, mas prédio bonito não trata doença. Ao longo das vistorias que realiza dentro do projeto Pernambuco de Verdade, a Bancada de Oposição tem encontrado uma flagrante queda na qualidade do atendimento à população de hospitais e UPAs do Estado”, reforça.

O parlamentar disse que o atraso de recursos do Governo do Estado às Organizações Sociais que gerem os hospitais e UPAs é um caso que precisa ser tratado com todo o rigor pela gestão Paulo Câmara. “Não é possível que se deixe faltar recursos para uma área como a saúde”, afirma. O parlamentar disse que a Bancada de Oposição quer promover, neste segundo semestre, um amplo debate sobre o padrão de relação entre Governo e Organizações Sociais que atuam na área de saúde em Pernambuco.


Foto: Reprodução da Internet da fachada do Hospital Regional de Palmares